Bom, apesar de saber que estou expondo por demais minha vida, acho que as pessoas precisam saber como é esse sentimento que nos leva à fazer loucuras.
Aquele foi um dia normal de trabalho, apesar de eu não estar normal. Durante o horário de trabalho por diversas vezes, me escondi para enxugar as lágrimas que escorriam sem eu querer. Não havia motivo de estar triste, eu apenas estava. A única que estava percebendo meu estado frágil e triste era a Patrícia, minha companheira de trabalho. A única que percebeu minha desmotivação, meu descontentamento, não com o trabalho mas com a vida.
Cheguei em casa normalmente como em todos os dias, fiz as coisas de sempre a não ser, dar tanta atenção à minha Coisinha, minha sobrinha. Se não fosse ela, por ela...
Me deitei e não queria conversar com ninguém, só queria ficar no escuro, pq dentro de mim existia uma vazio, um buraco, uma escuridão, uma tristeza que eu nunca havia sentido antes. Mesmo quando minha sobrinha entrou no quarto pra falar algo sobre a escola, pra mim teve importância.
Nunca gostei de chorar na frente de ninguém, nunca gostei de mostrar esse meu lado frágil, talvez seja por isso que muita gente se assustou com meu ato.
Naquele dia tudo o que eu queria era sumir, desaparecer, acabar com aquela sensação de desespero sem motivo, frustração, todos os sentimentos ruins reunidos na mesma hora.
Minha pequena sobrinha me perguntou pq eu estava à chorar, mas eu não sabia o que dizer então, apenas a puxei pra perto de mim e fiquei abraçadinha, de conchinha, pra ver se passava aquele turbilhão de sentimentos.
Me sentia tão sozinha e não estava acostumada à isso, pois sempre tive um homem, um companheiro, um cúmplice, que era capaz de me fazer sorrir mesmo chorando.
De repente, minha coisinha deitou-se em sua cama para dormir, pois no dia seguinte às 6 da manhã deveria levantar para a escola.
Então, continuei no escuro, chorando, me sentindo um lixo... Ela logo pegou no sono e eu não fiz barulho para não perturbar o sono da criança que era a única que iluminava minha vida, mas naquele dia não estava sendo assim... Acho que eu estava mesmo muito voltada pra dentro de mim e não estava enxergando minha princesa.
Senti que tinha que fazer algo pra acabar com aquilo, acabar com o que eu estava sentindo. Levantei da cama de repente e já tinha na mente o que deveria ser feito. Peguei meu barbeador, abri, tirei a lâmina e comecei a cortar o meu pulso.... Só que quando começou a arder eu olhei pra única pessoa que me fazia feliz, minha coisinha de Jesus. Foi quando eu parei e corri para o banheiro. Para lavar o que ainda não estava escorrendo.
Logo minha mãe percebeu que havia algo de errado e foi atrás de mim, eu falei que não era nada, mas MÃE tem um sexto sentido mais apurado do que qualquer mulher. Chamou minha cunhada, revirou o quarto e acho a lâmina. Me perguntando pra quê era aquilo, pq eu estava com uma lâmina de barbear embaixo do travesseiro. Logo, o desespero se instalou nela e ela ligou pra minha melhor amiga, que veio correndo...
Levei um sermão daqueles, mas vi a preocupação no rosto de todos os que me rodeavam e me arrependi. Não me arrependi de ter feito, mas de ter chamado tanta atenção. Na minha cabeça eu já estava pensando num modo de não chamar atenção de ninguém e de não dar a oportunidade de me salvarem.
Esse sentimento de desespero, de tristeza, de vazio, que é diagnosticado como DEPRESSÃO, mas pra muitas pessoa é apenas frescura, falta do que fazer, falta de Deus no coração, falta de ocupação na cabeça ou até mesmo falta de um amor, namorado ou coisa parecida. Podem achar absurdo, mas escutei isso de pessoas que achei que iriam me ajudar, me apoiar, pessoas do meu próprio sangue....
Meu único apoio, colo, chamem do que quiser, foram 3 amigas e minha mãe.
Nesse dia ela não dormiu, com medo de eu fazer alguma coisa enquanto ela poderia estar dormindo. No dia seguinte, minha amiga estava aqui pra me buscar e me levar à um psiquiatra, o qual eu já havia passado e estava tomando os medicamentos. Fiquei afastada por 15 dias e não sabia que não deveria voltar a trabalhar, voltei normalmente à labuta, porém já não era mais a mesma....
Graças à Deus não ficou uma marca que dê pra perceber, como vocês podem ver.
Mas a história não parou por ai... Foi apenas a primeira vez.
